Entre Casa e Escola: O Compromisso que Sustenta a Infância
Este artigo explora como o alinhamento entre família e escola, por meio da escuta, compromisso e diálogo, impacta diretamente o desenvolvimento das crianças. Apresenta ferramentas para fortalecer essa relação, como reuniões produtivas e corresponsabilidade.
Por Vanessa Garcia
5/27/20254 min read


Entre Casa e Escola: O Compromisso que Sustenta a Infância
Seu filho passa boa parte do ano na escola. É nesse ambiente que ele cria laços, enfrenta frustrações, constrói autonomia, descobre limites e desenvolve repertório de convivência. É ali — fora do seu campo de visão, mas dentro do seu campo de responsabilidade — que uma parte essencial da formação emocional, social e intelectual dele acontece.
Por muito tempo, esperou-se que a escola fosse responsável por quase tudo: ensinar, corrigir, formar caráter e ainda entregar bons resultados acadêmicos.
Por outro lado, a escola também espera receber crianças emocionalmente organizadas, com rotina regulada, sono em dia, repertório de convivência e pais disponíveis.
Essa conta, evidentemente, não fecha.
O que sobra, muitas vezes, são lacunas de escuta, excesso de expectativa e pouca conexão entre os dois ambientes que mais influenciam a infância: casa e escola.
Comunicação: muito além da agenda escolar
Recados, reuniões, bilhetes e aplicativos não são só ferramentas. São pontes. E como toda ponte, elas podem aproximar ou manter distância — depende de como são utilizadas.
O problema não é a quantidade de canais. É a qualidade do diálogo.
É preciso sair da lógica da cobrança e entrar na lógica da parceria. A pergunta central não é “de quem é a culpa?”, mas “como podemos agir juntos?”.
A falsa disputa: quem educa mais?
É comum ouvir frases como:
— “A escola tem que resolver isso.”
— “Os pais não fazem a parte deles.”
Mas essa guerra silenciosa entre família e escola é um equívoco. Educadores e responsáveis não estão em lados opostos. Estão — ou deveriam estar — do mesmo lado: o da criança.
Educar não é um jogo de revezamento.
É um esforço contínuo que precisa de coerência.
A criança
A criança transita entre dois ambientes todos os dias: o lar e a escola.
E ela leva para um o que viveu no outro.
Conflitos mal resolvidos em casa se manifestam na sala de aula. Tensões escolares voltam para o jantar da família. Isso é natural — e inevitável.
O problema começa quando os dois espaços deixam de se comunicar.
Sem conexão entre casa e escola, a criança fica no meio. Isolada em suas emoções, mal interpretada em seus comportamentos.
Problemas de aprendizagem, irritabilidade, crises de choro ou silêncio excessivo — nada disso surge do nada.
São sinais. E sinais precisam ser lidos em conjunto.
Reuniões escolares produtivas: o que elas têm em comum?
Elas possuem, pelo menos, três ingredientes essenciais:
1. Clareza de propósito
Uma reunião que não sabe por que está acontecendo, ou que só repete o que já foi enviado por mensagem, é vazia.
A escola precisa definir: o que se espera desse encontro? O que os responsáveis vão levar dali? Qual é o papel de cada um na conversa e no plano de ação que nasce dela?
2. Espaço para troca: Menos sobre “avisar”, mais sobre “construir”
Transformar a reunião em espaço de escuta e troca não é abrir mão da autoridade da escola — é fortalecê-la. Mostrar a rotina da sala de aula, abordar desafios reais da infância (que afetam todas as famílias), convidar os pais para refletir juntos: isso aproxima e educa.
3. Contato mais frequente, com menos peso
Esperar meses por uma reunião longa e exaustiva não é eficiente. Mini-encontros curtos e regulares, com pautas objetivas, funcionam melhor. Aproximam, informam e criam vínculo sem sobrecarregar.
Como tornar as reuniões escolares mais efetivas (sem reinventar a roda):
Defina a pauta com antecedência e compartilhe com as famílias. Transparência gera segurança e prepara o terreno para uma conversa mais rica.
Abra espaço para escuta. Não como formalidade, mas como parte ativa da reunião. Perguntas simples como “O que vocês têm observado em casa?” já abrem caminhos.
Documente e dê retorno. Mostrar o que foi discutido e quais encaminhamentos foram feitos evita retrabalho e fortalece a confiança.
Use a tecnologia a favor da relação, e não como substituto. Plataformas de mensagens, agendas digitais e apps escolares devem facilitar — não confundir. O excesso também cansa e afasta.
Corresponsabilidade: uma palavra que precisa sair do papel
Não é culpar os pais, nem sobrecarregar os professores.
É preciso reconhecer que: a infância precisa ser acompanhada por adultos que conversem entre si. E se esse diálogo não existe, quem paga o preço é a criança.
Por isso, encontros entre escola e família precisam fazer sentido. Ter objetivo. Ter escuta. Ter continuidade. Ter clareza.
Educar é criar elo! A infância não pode ser dividida em turnos ou departamentos.
É um processo contínuo. A criança é uma só. E ela merece ser vista assim: como um todo.
Com carinho,
Vanessa Garcia.
@institutoparental
contato@nessagarcia.com
www.nessagarcia.com
Sobre a autora:
Vanessa Garcia é Educadora Parental | Advogada | Pós-graduada em Educação Parental e Inteligência Emocional | Pós-graduada em Psicologia Jurídica.
Nascida e criada no Rio de Janeiro, Brasil, atualmente vive em Montreal, Canadá, com seu marido e filha.
Apaixonada pela subjetividade e complexidade do ser humano, pelo universo da maternidade e pelas histórias únicas que cada família traz, Vanessa dedica sua carreira a ajudar pais e mães a transformarem suas relações com amor e respeito.

