O exemplo digital começa em casa: a urgência de um novo olhar sobre as telas
Reflexão sobre o papel dos pais e responsáveis na construção de hábitos saudáveis no uso das telas dentro de casa. Propõe um novo olhar, mais consciente e equilibrado, e destaca a importância do exemplo familiar como base para o uso responsável da tecnologia.
Por Vanessa Garcia
5/26/20253 min read


O exemplo digital começa em casa: a urgência de um novo olhar sobre as telas
Vivemos tempos em que um toque na tela substitui um abraço. A era digital redefiniu o cotidiano das famílias, trazendo conveniência, informação e entretenimento na ponta dos dedos — literalmente. Mas, em meio a essa revolução, surge uma pergunta essencial: quem está educando quem?
Entre notificações incessantes e timelines infinitas, esquecemos que os olhos mais atentos da casa são os das crianças. E elas estão observando. Sempre.
Os pais como espelho: quando a tecnologia reflete prioridades
Crianças não aprendem com discursos bem ensaiados. Elas aprendem com o que veem. O comportamento dos adultos diante das telas é hoje um dos maiores fatores de influência na forma como os filhos irão se relacionar com a tecnologia — e com as pessoas ao seu redor.
Se a tela está presente à mesa, ela ganha lugar de honra. Se o celular é mais consultado do que os olhos da criança durante uma conversa, uma semente de desconexão começa a ser plantada. Pode parecer banal — mas não é.
A mensagem passada, ainda que de forma inconsciente, é simples: isso aqui na minha mão é mais importante do que você agora.
O poder do exemplo
Educar com presença é mais do que estar fisicamente ao lado. É olhar nos olhos, é escutar com atenção, é estar inteiro. E esse é o grande paradoxo da era digital: temos todos os meios para estarmos conectados, mas corremos o risco de nos tornarmos emocionalmente ausentes.
Ser exemplo no uso consciente da tecnologia significa, na prática:
Evitar o uso de dispositivos durante momentos em família, como refeições, passeios ou conversas.
Mostrar que o digital pode esperar. Que é possível se desconectar para se conectar com o ambiente e as pessoas ao redor.
Refletir antes de postar. Demonstrar que compartilhar algo nas redes sociais exige responsabilidade, cuidado com a privacidade e com o outro.
Conversar abertamente sobre escolhas. Explicar aos filhos os motivos pelos quais certos limites são estabelecidos. Transformar restrições em aprendizados e diálogos.
Esses gestos formam a base de uma relação mais equilibrada com a tecnologia — não baseada na repressão, mas na consciência.
Conexão começa com presença, não com Wi-Fi
Não se trata de demonizar as telas ou negar seus benefícios. A tecnologia é uma aliada — quando usada com critério e propósito. O que está em jogo não é o uso, mas o modo de uso. E, principalmente, a substituição do vínculo real pelo vínculo virtual.
Crianças precisam de conexão emocional mais do que conexão de internet. Precisam sentir que pertencem, que são vistas, ouvidas e respeitadas. Isso não se transmite por notificação. Isso se constrói com tempo junto, escuta genuína e presença intencional.
Tecnologia não educa. Quem educa é você.
A educação parental na era digital pede coragem. Coragem para nadar contra a maré da hiperexposição. Coragem para desconectar-se das telas e reconectar-se à essência. Coragem para olhar para si e perceber que o maior filtro que um filho pode ter — antes de qualquer aplicativo — é o comportamento de quem o cria.
O desafio é coletivo, mas começa em casa.
Com carinho,
Vanessa Garcia.
@institutoparental
contato@nessagarcia.com
www.nessagarcia.com
Sobre a autora:
Vanessa Garcia é Educadora Parental | Advogada | Pós-graduada em Educação Parental e Inteligência Emocional | Pós-graduada em Psicologia Jurídica.
Nascida e criada no Rio de Janeiro, Brasil, atualmente vive em Montreal, Canadá, com seu marido e filha.
Apaixonada pela subjetividade e complexidade do ser humano, pelo universo da maternidade e pelas histórias únicas que cada família traz, Vanessa dedica sua carreira a ajudar pais e mães a transformarem suas relações com amor e respeito.

